Sob a doutrina racista do III Reich, cerca de 7,5 milhões de pessoas
perderam a dignidade e a vida em campos de concentração, especialmente
preparados para matar em escala industrial, episódios que ficaram conhecidos
como Holocauto. Para os nazistas, aqueles que não possuíam sangue ariano
não deveriam ser tratados como seres humanos.
A política anti-semita do nazismo
visou especialmente os judeus, mas não poupou também ciganos, negros,
homossexuais, comunistas e doentes mentais. Estima-se que entre 5,1 e 6 milhões
de judeus tenham sido mortos durante o Holocausto, o que representava na época
cerca de 60% da população judaica na Europa. Foram assassinados ainda entre 220
mil e 500 mil ciganos.
O Tribunal de Nuremberg estimou em aproximadamente 275 mil alemães
considerados doentes incuráveis que foram executados, mas há estudos que
indicam um número menor, cerca de 170 mil. Não há dados confiáveis a respeito
do número de homossexuais, negros e comunistas mortos pelo regime nazista.
A perseguição do III Reich começou logo após a ascensão de Hitler ao poder, no dia 30 de janeiro de 1933. Ele extinguiu
partidos políticos, instalou o monopartidarismo e passou a agir duramente
contra os opositores do regime, que eram levados a campos de concentração -- em
março de 1933 já havia 25 mil presos no campo de Dachau, no sul da
Alemanha. Livros de autores judeus e comunistas -- entre eles Freud, Marx
e Einstein -- foram queimados em praça pública. A intelectualidade, acuada, só
assistia.
Os condenados sofriam torturas, eram obrigados a fazer trabalhos forçados
ou acabavam morrendo por fome ou doença. Eram também considerados inimigos do
III Reich os comunistas -- embora Hitler tenha se associado União Soviética
para garantir a invasão da Polônia --, pacifistas e testemunhas de Jeová. Um
ano após Hitler ter assumido o poder foram baixadas leis anti-judaicas iniciando
o boicote econômico.
Após a expulsão dos judeus poloneses da Alemanha, um jovem repatriado,
Herschel Grynspan, assassinou em Paris o secretário da embaixada alem, Ernst
von Rath. Isso detonou entre os dias 9 e 11 de novembro de 1938 uma série de perseguições
que ficaram conhecidas como a Noite dos Cristais. Centenas de sinagogas
foram incendiadas, 20 mil judeus foram levados a campos de concentração e 91
foram mortos, segundo informações de fontes alemães. Cerca de 7 mil lojas foram
destruídas e os judeus ainda foram condenados a pagar uma multa de indenização
de 1,5 bilhão de marcos.
Processo de Exclusão
A partir de setembro de 1939, com a invasão da Polônia, o III Reich iniciou
uma nova etapa, mais pragmática, na política de segregação racial. Em
território polonês, onde a colônia judaica concentrava cerca de 3,5 milhões de
pessoas, foram criados os guetos, espaços nos quais os judeus eram
confinados e compelidos a usar um distintivo com uma estrela amarela em suas
roupas, que identificava a religiosidade, e obrigados a trabalhar para o
esforço de guerra alemão. Nessa etapa, as condições subumanas a que essas
pessoas eram submetidas levaram milhares a morte. Não se sabe, contudo, se o
confinamento em guetos já fazia parte de um plano que previa o genocídio do
Holocausto.
Três semanas após a invasão da Polônia o chefe do Escritório Central de
Segurança do Reich, Reinhard Heydrich, ordenou que os judeus poloneses se
mantivessem estreitamente agrupados. Para eles, o confinamento era justificado
pela necessidade de excluir os judeus, tidos como uma praga.
O primeiro gueto foi estabelecido em Lodz, segunda maior cidade da Polônia,
no início de 1940, e abrigou entre 160 mil e 200 mil pessoas em uma área de 3,2
quilômetros quadrados. O maior foi o de Varsóvia, formado no mesmo ano, onde
foram confinados cerca de 500 mil judeus e ocorreu o mais significativo movimento
de resistência judaica.
Nos guetos, a administração de assuntos da comunidade era de
responsabilidade dos Jundenrte -- conselhos formados por judeus --, que se
reportavam aos alemães. Essas organizações sofreram muitas críticas pela pouca
resistência que ofereceram aos alemães. Integrantes dos Jundenrte acreditavam
que, adotando uma conduta de colaboração com os nazistas, poderiam aliviar o
sofrimento da população do gueto, onde suas condições eram precárias, sem
comida, muitas doenças e mortes se espalharam.
Outros guetos importantes foram os de Cracvia, com aproximadamente 72 mil
judeus, Lublin, com cerca de 40 mil, e Vilna, com algo em torno de 60 mil.
A partir de 15 de outubro de 1941 uma nova ordem de conduta alemã passou a
punir com pena de morte os judeus que deixavam os guetos. Nessa situação, os
nazistas armados controlavam tudo. Difícil, então, imaginar que qualquer tipo
de resistência seria possível.
Campos de Concentração Nazistas
Os campos nazistas do Holocausto eram localizados basicamente na Polônia,
onde havia a maior concentração de judeus na Europa. Era para lá que seguiam os
comboios ferroviários com prisioneiros deportados das regiões ocupadas.
Os campos de Sobibor, Belzec, Chelmno e Treblinka funcionaram entre 1941 e
1943. Auschwitz-Birkenau e Majdanek eram imensos, construídos ao redor de
complexos industriais que também possuiam câmaras de extermínio mantidas em
operação até 1944.
Para facilitar o transporte dos prisioneiros, os campos eram construídos
nas proximidades das linhas ferroviárias. Os trens chegavam superlotados. Nos
vagões de janelas minúsculas não havia comida, água e agasalhos, o que
provocava a morte de muitos por frio, fome ou sede durante o transporte.
Separados de suas famílias, os que chegavam vivos eram selecionados de acordo
com o estado de saúde, para trabalhos forçados ou extermínio.
Campo de Auschwitz
No complexo de Auschwitz, no sul da Polônia, junto cidade de Oswiecim, na
alta Silsia, as estimativas mais confiáveis indicam que tenham sido
exterminadas entre 1,3 milhões e 1,5 milhões de pessoas em câmaras de gás.
Este foi o maior entre os dois mil campos de concentração e trabalhos
forçados construídos pelos nazistas. Ali foram mortos cerca de 1,2 milhões de
judeus (25% do total de judeus mortos na guerra), 150 mil poloneses, 23 mil
ciganos e 15 mil soviéticos.
Quando as forças soviéticas libertaram o campo, na tarde de 27 de janeiro
de 1945, encontraram gigantescas pilhas com cerca de 850 mil vestidos, 350 mil
ternos, milhares de pares de sapatos e montanhas de roupas de crianças, além de
oito toneladas de cabelos humanos que seriam utilizados como enchimento de
travesseiros.
As tropas soviéticas libertaram 7.650 presos, a maioria dos quais mal podia
se locomover. Alguns dias antes da chegada dos soviéticos, os alemães tiveram o
cuidado de dinamitar as instalações de extermínio do Holocausto e de queimar
quase todos os arquivos. Os documentos que sobraram foram divididos entre
soviéticos e poloneses.
O campo de Auschwitz tornou-se o símbolo da barbárie nazista. Era uma linha
de produção da morte desenvolvida de forma a envolver o maior número de
pessoas, com a máxima economia de recursos, aproveitando os cadáveres como
matéria-prima para a produto industrial de sabão.
Campos de Concentração Americanos
Os Estados Unidos também instalaram campos de concentração durante a
Segunda Guerra. Após o ataque da marinha japonesa a base americana de Pearl
Harbor, no Havaí, em 7 de dezembro de 1941, foram criados espaços chamados de
"campos de internamento" para abrigar os japoneses e seus
descendentes, basicamente imigrantes residentes na Califórnia.
Campo de Concentração Japonês
O médico japonês Ken Yuasa, cirurgião do Exército Imperial durante a
Segunda Guerra, fez em 1994 denúncias que as autoridades de seu país evitaram
comentar. Ele trabalhou na Unidade 731, a que se dedicava aos estudos da guerra
bacteriológica e química que tentou aprimorar a medicina militar através de
experiências em seres humanos vivos, realizando testes no norte da China,
colocava japoneses aos efeitos do gás mostarda (mortífero) e injetava vírus
igualmente mortíferos em prisioneiros de guerra ingleses, depois os observava e
anotava todas as suas reações.
Os Estados Unidos tentaram fazer um acordo propondo o seguinte: se os
japoneses entregassem os resultados dessas pesquisas o caso da Auschwitz
japonesa seria esquecido de modo internacional (sem interferência da ONU) e
seria problemas dele. Mas o Japão no concordou, pois estes dados são
valiosíssimos para a corrida químico-tecnológica, e até hoje se estica a briga
judicial.
Resistências
Enquanto muitas histórias contam que, durante o Holocausto, os judeus eram
descritos como: sheep to the slaughter (carneiro para matar), a
realidade é que a reação dos judeus diante da discriminação no foi assim tão
dócil.
Entre as décadas de 30 e 40, os judeus da Polônia reagiram contra essa
situação, fazendo boicotes aos europeus, porém, nazistas continuaram a fazer
leis contra os judeus. No começo dos anos 30, os Ghettos foram criados, grupos
de judeus tiveram que deixar suas casas para morarem em outra parte da cidade.
Resistência armada em Ghettos:
Apesar de pesarmos o contrário, resistências armadas de judeus ocorreram
durante o Holocausto. Muitas pessoas que participaram desses movimentos foram
procuradas e mortas. Alguns desses acontecimentos foram:
Tuchin Ghetto: em 3 de setembro de 1942, 700 famílias judias escaparam deste ghetto em
Ukraine. Eles foram encontrados e apenas 15 sobreviveram.
Warsaw Ghetto: em 1943, os residentes desse ghetto tinham organizado um movimento com
1.000 deles sem armamento ou qualquer tipo de equipamento juntamente com jovens
sem nenhuma experiência, sendo que nesse período, quase da metade da população
estava doente, morrendo de fome e frio.
Em janeiro de 43, a S.S. entrou no ghetto para procurar por mais judeus que
iriam para os campos de concentração, foram surpreendidos por bombas e alguma
armas de fogo, vinte soldados morreram. Mas para controlar os habitantes foram
chamadas 3.000 tropas alemães e 7.000 homens de reforço. O ghetto foi então
destruído, e mais de 15 mil judeus foram mortos e a maioria levada para campos
de concentração.
Bialystok Ghetto: organizações de parlamentares judeus formados dentro dos ghettos atacaram
as tropas alemães quando estava determinado que os nazistas iriam liquidá-los.
A batalha durou apenas um dia até que os residentes foram capturados e mortos.
Vilna Ghetto: alguns habitantes começaram a conspirar contra os nazistas em setembro de
43. Muitos foram mortos, mas alguns escaparam com sucesso.
Treblinka: 700 judeus tiveram sucesso em explodirem o campo em agosto de 43. Porém
foram mortos durante a Guerra, apenas 12 sobreviveram.
Sobibor: prisioneiros judeus e russos montaram uma trajetória de fuga. Apenas 60
dos 600 prisioneiros sobreviveram, 10 soldados da S.S. foram mortos.
Aschwistz: dia 7 de outubro de 1944 uma das crematórias de Auschwitz foi explodida por
sonderkommandos. Estes eram trabalhadores, a maioria judeus, cujo trabalho era
jogar fora os corpos dos mortos em câmaras de gás.
Experimentos Biológicos
Para os nazistas não eram os problemas sociais como as carências econômicas
e sociais que causavam a marginalidade dos não-arianos. Ao contrário, a
congênita "inferioridade racial" desses indivíduos que criava tais
problemas. Dessa maneira, definiam as execuções como sendo de caráter
humanitário, misericordioso, para aqueles "condenados pela seleção
natural".
Como para a medicina nazista a boa saúde era característica da
superioridade racial ariana, ela deveria ser mantida a qualquer custo. Por essa
razão, de 1933 até o início da guerra os alemães considerados "doentes
incuráveis" foram submetidos esterilização para que o "mal" que
carregavam não fosse proliferado. "doentes incuráveis" que foram
esterilizados estavam, conforme relato de Robert Lifton no livro The Nazi
Doctors, "60 mil epiléticos, 4 mil cegos hereditários, 16 mil surdos
hereditários, 20 mil pessoas com má formação no corpo, 10 mil com alcoolismo
hereditário, 200 mil doentes mentais, 80 mil esquizofrênicos e 20 mil maníacos-depressivos".
Lifton cita em seu livro o caso do médico Eduard Wirths, de Auschwitz, que
inoculava o bacilo do tifo em judeus sos, sob a justificativa de que estes,
naturalmente condenados a morrer, poderiam servir de cobaias para testes de
vacinas.
Muitos morreram em "experiências médicas" que incluam
exposição a alta pressão e congelamento. Para reforçar o caráter médico das
execuções, muitas vezes uma ambulância pintada com as cores da Cruz Vermelha
acompanhava os assassinatos.
Muitos médicos se destacaram pela crueldade de seus métodos, entre eles
Josef Mengele, de Auschwitz, que fazia experimentos genéticos especialmente em
gêmeos. Segundo o professor Robert Proctor, autor de A Higiene Racial - A
Medicina na época dos Nazistas, editado pela Harvard University Press, em
Cambridge, Massachusetts, "o nazismo era nada mais do que a aplicação dos
conhecimentos biológicos". Para ele, tanto a teoria quanto a prática da
doutrina nazista tiveram como ponto central a aplicação de uma política biológica.
Conclusão
Sendo assim, o holocausto significou uma das maiores matanças da
humanidade, visou principalmente os judeus, mas não poupou ciganos, negros,
homossexuais, comunistas e doentes mentais.
Além disso, extinguiu os partidos políticos, implantando o monopartidarismo
e levando para os campos de concentração todos que se opunham ao regime.
Por: Edna Maria
Guimarães
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