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domingo, 8 de novembro de 2020
domingo, 11 de setembro de 2016
Há 500 anos Leonardo da Vinci atravessou os Alpes de mula para chegar à sua última casa
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O palácio |
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O quarto de Leonardo |
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O atelier de Leonardo |
Levava consigo a célebre Mona Lisa e milhares de desenhos e outros manuscritos. O mestre da Renascença passava, assim, a ser o pintor do rei de França. O seu atelier no palácio de Francisco I já está aberto ao público.
Em
Setembro faz 500 anos que Leonardo da Vinci, um dos mestres incontestados do
Renascimento, chegou a casa do seu último mecenas, o monarca francês Francisco
I. Foi no Palácio de Clos Lucé, no Vale do Loire, a escassos 700 metros do
castelo real de Amboise, que o artista italiano viveu os últimos três anos,
dividindo o seu tempo entre a arte e a ciência. Trabalhava nos jardins e no
atelier, rodeado de algumas das pinturas que fez questão de manter até ao fim,
entre elas a célebre Mona Lisa, o retrato que ainda hoje continua a
intrigar académicos e curiosos, dando origem a um sem-número de teorias, umas mais fundamentadas do que
outras.
Diz-se que recebia com frequência o rei, que para ali chegar
percorria um túnel subterrâneo que liga o castelo ao palácio de meados do
século XV e assim mantinha discretas as suas visitas ao pintor.
As
divisões que Leonardo (1452-1519) terá ocupado em Clos Lucé estão agora
totalmente restauradas. Desde Junho, é possível percorrer três novas salas em
que foi recriado o ambiente de trabalho do mestre, e que estavam até aqui
encerradas. O seu atelier, a biblioteca e o gabinete de curiosidades (um espaço
onde arte e ciências naturais se encontravam, “antepassado” daquilo a que hoje
chamamos “museu”) foram recompostos com todo o cuidado, procurando reproduzir
mobiliário, desenhos, frescos e até a luz ao mais ínfimo pormenor, recorrendo a
documentação da época.
Sobre
a mesa vêem-se agora pigmentos vários – sanguínea e terra de Siena, entre
muitos outros – e utensílios para trabalhar em papel e metal: há compassos e
réguas, penas de ganso e pontas de prata, mas há também velas, lupas e
pontas-secas que usava, certamente, para a gravura. Nas prateleiras estão
arrumadas reproduções dos livros que nunca deixava para trás, grossos volumes
em papel velino de obras de cientistas-historiadores como Claudio Ptolomeu e Plínio, o
Velho.
François
Saint-Bris, presidente do Palácio de Clos Lucé, faz parte da família que em
1854 comprou esta propriedade carregada de história e abriu as suas portas ao
público. Depois de 15 anos de trabalhos, que custaram 12 milhões de euros, inteiramente
autofinanciados (este palácio-museu recebe 360 mil visitantes por ano), a
última casa de Leonardo, a mesma onde o rei francês passou boa parte da
infância, tem agora uma atmosfera muito próxima da que teria no Renascimento,
disse ao diário francês Le Monde o presidente e proprietário:
“Era preciso devolver a Leonardo o que lhe era devido – o espírito e a
aparência do século XVI.”
As
obras de conservação e restauro que permitem mostrar Clos Lucé como ele seria
quando o mestre da Renascença ali viveu e trabalhou fazem parte de um ambicioso
projecto de intervenção que começou em 2003 com o restauro das fachadas do
palácio e da capela e a criação do Parque Cultural Leonardo da Vinci, com 20
modelos das suas máquinas à escala natural. Seguiram-se melhoramentos no
exterior do edifício e nos jardins – em 2008 foi inaugurado um espaço
com muitas das mais de 300 espécies botânicas desenhadas pelo artista – até
que, nos últimos seis anos, os trabalhos passaram a concentrar-se no interior.
O
quarto onde terá morrido e de onde se via muito bem o castelo do rei ficou
terminado em 2011, enriquecido com preciosos móveis da época, escreve o diário
francês, chamando a atenção para um contador napolitano em ébano e marfim que
aparece em grande destaque nas fotografias do site oficial do
palácio. Quatro salas na cave mostram o Leonardo-engenheiro em 40 modelos das
suas máquinas construídos a partir dos esboços e das anotações que deixou. São
aeroplanos, tanques, helicópteros, automóveis, máquinas visionárias que
reflectem o génio de um homem que viveu sempre à frente do seu tempo e que,
muito provavelmente, gostaria de ver instalado nos domínios de Clos Lucé,
recentemente acrescentados, o centro de investigação em arte e ciência que a
família Saint-Bris, segundo o jornal britânico The Telegraph, planeia
ali ter construído até 2025.
Três pinturas na bagagem
Leonardo
da Vinci tinha 64 anos quando atravessou os Alpes de mula, carregando três das
pinturas em que trabalhou até morrer, a 2 de Maio de 1519. Segundo os relatos
conhecidos, tê-lo-ão acompanhado nessa longa viagem o seu fiel criado milanês,
Battista de Villanis, e Francesco Melzi, o discípulo dilecto a quem deixaria em
testamento os seus manuscritos e desenhos. É que, além das pinturas – Mona
Lisa, São João Baptista e A Virgem e o Menino com Santa Ana –, Leonardo
levava consigo milhares de notas e esboços sobre astronomia, hidráulica,
anatomia, arquitectura, cosmologia, geologia e até paleontologia reunidos nos
seus famosos cadernos, hoje espalhados por várias instituições em todo o mundo,
como as bibliotecas Britânica (Londres) e Ambrosiana (Milão), o Museu Victoria
& Albert (Londres) e o Castelo Sforzesco (Milão), a impressionante casa dos
duques de Milão (um deles, Ludovico Sforza, foi o grande
patrono do mestre da Renascença).
domingo, 31 de janeiro de 2016
domingo, 23 de dezembro de 2012
O mistério do Natal na Pintura portuguesa
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Anunciação. Bento Coelho (c. 1655) |
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Anunciação. Josefa de Óbidos (1676) |
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Visitação. Vasco Fernandes (1506-1511) |
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Visitação. António Manuel da Fonseca (1855) |
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Visitação. Maria Aurélia Martins de Sousa (Séc. XIX-XX) |
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Natividade. Paula Rego (2002) |
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Adoração dos Pastores. Gregório Lopes (Séc. XVI, 2.º quartel) |
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Adoração dos Pastores. Bento Coelho da Silveira (Séc. XVII, 2.ª metade) |
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Adoração dos Reis. Vasco Fernandes, Francisco Henriques (1501-1506) |
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Circuncisão. Oficina de José do Avelar Rebelo (Séc. XVII) |
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Repouso na Fuga para o Egipto. André Gonçalves (Séc. XVIII) |
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Menino
entre os Doutores. José do Avelar Rebelo (c. 1635)
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O mistério do
Natal encontra-se expresso com profundidade poética e teológica nas palavras do
«Prólogo» do Evangelho de São João: «No começo a Palavra já existia: a Palavra
estava voltada para Deus e a Palavra era Deus. [...] E a Palavra fez-se Homem e
habitou entre nós.» (1,1.14) O Verbo/Palavra, que é o Filho no seio da
Santíssima Trindade, armou a Sua morada entre nós, fazendo-se carne da nossa
carne, homem para a morte como nós. É ainda São João que nos refere a
finalidade desta vinda de Deus, em Jesus: «Ninguém jamais viu a Deus: quem nos
revelou Deus foi o Filho único que está junto do Pai,» (1,18) Dar a conhecer o
Pai, o Seu rosto bondoso e compassivo, o Seu coração cheio de verdade, é a
razão para que o Filho venha ao nosso encontro e fale na nossa linguagem.
Conhecer o Pai é a vida eterna: «a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, o
único Deus verdadeiro, e Aquele que enviaste, Jesus Cristo». (João 17,3) Assim
sendo, mostrar o Pai, transparente desde a Sua carne, do nascimento à morte na
cruz, para fazer os homens participantes deste amor e da vida eterna, é a
motivação do mistério do Natal de Jesus.
A manifestação
do Senhor que faz Sua a nossa carne é uma realidade inaudita na história.
Podemos compreender melhor esta novidade imensa se compararmos, por exemplo, o
acontecimento cristão com o pensamento clássico grego em relação à epifania das
divindades. Numa passagem significativa da Ilíada de Homero, em que se adensa dramaticamente a guerra
entre os Aqueus e os Troianos pela entrada em cena de Aquiles e dos deuses do
Olimpo, Hera, esposa de Zeus, indica que «tremendos são os deuses quando
aparecem às claras». (XX, 132) Em contraposto ao pensamento grego, o Deus
bíblico, ao aparecer às claras em Jesus de Nazaré, revela-Se não tremendo e
terrível na Sua magnificência e poder, mas pequeno e próximo do ser humano,
revelando o mistério de Deus e do homem e a vontade real de fazer este
«participante da natureza divina». (2 Pedro 1,4)
O que São João expressava através das
palavras da teologia e do silêncio podemos encontrar igualmente através das
narrativas dos Evangelhos de São Mateus e de São Lucas. Foi sobretudo aí que os
artistas se basearam para representarem o mistério do nascimento de Jesus
Cristo, embora não possamos deixar de mencionar os evangelhos apócrifos, as
homilias de São Bernardo, as Meditationes do
Pseudo-Boaventura, as Revelationes de
Santa Brígida da Suécia, e, sobretudo, a Legenda Aurea de
Voragine. A Sagrada Escritura é, sem dúvida, a fonte principal de inspiração
dos artistas que a tomam como uma espécie de «dicionário imenso» (P. Claudel) e
de «atlas iconográfico» (M. Chagall) para as suas obras. Nos textos bíblicos
vemos relatados os nove episódios principais relativos à Natividade e à
infância de Jesus que foram representados pela arte: a Anunciação, a Visitação,
a Natividade, a adoração dos pastores, a adoração dos Magos, a circuncisão, a
apresentação no Templo, a fuga para o Egipto e o encontro do Menino entre os
doutores em Jerusalém. É sempre o mistério do Verbo feito carne, em
visibilidade histórica e salvífica, que é expresso pela arte e que veio a
possibilitar a arte cristã.
A partir do século III, nos testemunhos
ainda incipientes de uma arte cristã, encontramos já a representação dos temas
relacionados com o ciclo da Natividade. É sobretudo a cena dos Magos que
aparece a decorar as paredes das catacumbas romanas e os sarcófagos. No século
IV, a Natividade toma-se, efectivamente, um dos temas mais frequentemente
representados na arte religiosa, como o demonstra o díptico em marfim e pedras
preciosas do século V conservado na Duomo de Milão ou os mosaicos do
Baptistério de Veneza. A iconografia da Natividade centra-se, então, sob
influência dos modelos bizantinos, numa gruta utilizada como abrigo para os
animais, com Maria deitada, José absorto num ângulo, ao longe os anjos que
trazem o anúncio aos pastores, e os Magos. O centro da composição é constituído
pelo Menino Jesus, envolto em faixas, como um morto, deposto num berço em forma
de sarcófago, a preanunciar simbolicamente a Sua morte e ressurreição. A
representação é enriquecida com particulares traços dos evangelhos apócrifos,
como o banho do Menino, a sublinhar a realidade da Encarnação do Verbo,
verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Para o imaginário da Idade Média será
determinante a iniciativa de São Francisco de Assis de fazer reviver
dramaticamente o nascimento de Belém, convidando todo o povo de Greccio (Rieti)
a adorar a Hóstia consagrada colocada numa manjedoura em tomo da qual estava um
boi e um jumento. O costume espalhou-se por todas as catedrais, igrejas e
mosteiros na Europa medieval, começando a ser montado também na casa dos reis e
nobres desde o Renascimento, atingindo o auge, no contexto português, no século
XVIII, a partir do qual se alicerçou essa tradição em cada casa. Devido ao
influxo da espiritualidade franciscana, mas também das revelações de Santa
Brígida da Suécia, a iconografia da Natividade mudou o seu esquema, sendo
colocado em primeiro plano o Menino, frequentemente no chão, a sublinhar a
humanidade, enquanto Maria, José, os pastores e os Magos encontram-se de
joelhos, em posição orante diante da criança.
Em Portugal, apesar da presença de uma
arte cristã desde os primeiros tempos, no que diz respeito aos temas que fazem
o ciclo da Natividade só os encontramos, em primeiro lugar, no românico e no
gótico, esculpidos nos tímpanos dos portais principais das igrejas ou adornando
capitéis das colunas que sustentavam os templos. Um caso paradigmático é o dos
capitéis da Igreja de Leça do Balio, do século XIV, que são o mais completo
conjunto figurativo de um templo românico português. Num dos capitéis figura a
adoração do Menino: a Virgem segura o Menino, encontrando-se um pastor
imediatamente ao lado, apresentando a sua oferta. Sucedem-se então os reis
Magos com as oferendas na mão. No campo da pintura figurativa, por seu lado,
não existe em Portugal um único exemplo que possa ser atribuído ao românico,
mesmo que tardio, e escassos ao gótico. Este facto não se deve certamente a uma
não existência pictórica de cenas ligadas ao ciclo da Natividade de Jesus, mas
tão-somente a uma ausência de testemunhos entre nós devido, provavelmente, ao desgaste
e desaparecimento de obras com o passar dos séculos. O século XV será marcado
pela presença de Nuno Gonçalves e da sua oficina, que se afirma com uma plena
autonomia de valores em relação à pintura que em Portugal se fez no decurso do
Quatrocentos.
Na viragem do século XV para o século
XVI inaugura-se no campo da pintura portuguesa um período áureo, tanto na
quantidade como na qualidade da produção nacional. Numa nova conjuntura
nacional, possibilitada pelos Descobrimentos e pelo desejo de uma renovação
estética, são produzidos ou renovados os retábulos de algumas sés portuguesas
ou conventos, que proliferam. Esses retábulos de sabor renascentista são
produzidos sobretudo nos primeiros decénios do século XVI, como os das
Catedrais de Viseu e de Lamego, da autoria de Vasco Fernandes, o da Igreja do
Convento de São Francisco, em Évora, empreitada de Francisco Henriques, ou
ainda o retábulo de São Bento, obra atribuída a Gregório Lopes. Nestes
retábulos, a representação pictórica do ciclo da Natividade é uma constante,
espelhando a forte presença da devoção ao Senhor e a Maria, sua Mãe.
A partir de 1550
até cerca de 1620, Portugal sintonizou a sua linguagem pelos novos cânones do
Maneirismo vindo de Itália. O impacto do Concílio de Trento será significativo
nas artes, pois se por um lado as dinamiza e apoia, por outro introduz rígidos
padrões iconográficos a fim de que sejam expressão da fé verdadeira e veículo
de catequização num tempo de escassa alfabetização. Os retábulos renascentistas
das igrejas já não expressam a mensagem de acordo com o sentido estético
moderno, e, nesse sentido, serão substituídos por outros de sabor maneirista. O
ciclo da Natividade é, então, um dos grandes temas privilegiados da pintura na
medida em que expressava o centro da fé que é o mistério da Encarnação do
Senhor, eixo em tomo do qual se vem a compreender o mistério da Igreja, dos
Sacramentos, do Homem e da sua salvação. O decoro impõe, agora mais do que
nunca, que as roupas escondam o corpo e até o Menino no Presépio deve figurar,
ainda que desnudo, de um modo que não ofenda os ideais.
Os temas mais representados relativos à
Natividade e à infância de Jesus são, sobretudo, a Anunciação, a adoração dos
pastores e a dos Magos como momentos fulcrais deste ciclo enquanto decisivos
pela densidade teológica e pela piedade que suscitam. Menos representado, no
entanto, será o tema da circuncisão do Menino - pelas razões de decoro acima
mencionadas - mas também o da fuga para o Egipto e o do encontro do Menino no
Templo entre os doutores. Dentro da corrente maneirista devemos mencionar
António Campelo que, apesar de uma escassa produção, representou a nível
pictórico duas belíssimas Adorações dos Pastores, ou Simão Rodrigues,
verdadeiro fa presto, que deixou importante
obra por todo o país.
Os séculos XVII e XVIII serão marcados,
em geral, a nível estético pelo Barroco. Os retábulos portugueses, em verdade,
a partir de finais do século XVII, albergam uma estrutura escalonada a que se
convencionou chamar de "trono". É o espaço para a adoração
eucarística, promovida e renovada com o Concílio Tridentino. Mas a pintura de
temática religiosa permanece, exposta nas paredes dos templos e nas casas
religiosas com o intuito de catequizar pela cor e pelo exemplo o povo crente.
Os temas religiosos continuam a dominar o horizonte dos artistas e dos mecenas
que lhes encomendam trabalhos, e o ciclo na Natividade é continuamente recriado
seguindo os padrões iconográficos já mencionados dentro de uma estética
renovada. André Reinoso, Bento Coelho ou Josefa de Óbidos marcam o século XVII,
enquanto André Gonçalves, Francisco Vieira de Matos (Vieira Lusitano), Pedro
Alexandrino de Carvalho ou Domingos António de Sequeira, o século XVIII.
Os séculos XIX e XX são marcados por
várias correntes estéticas e pelo abandono progressivo dos temas religiosos na
pintura. A Revolução Francesa (1789), o liberalismo e o laicismo que dela
decorrem, levaram a que os artistas se exprimissem não apenas dentro das
temáticas religiosas, mas também dentro de outros temas e a partir de outras
sensibilidades estéticas. Os episódios referentes ao ciclo da Natividade, no
entanto, não são esquecidos pela forte carga humana que evocam e pela ternura e
encanto que expressam. Assim, não podemos esquecer nomes como António Manuel da
Fonseca, Aurélia de Sousa, Almada Negreiros, Jorge Barradas, mas também, e
ainda entre nós, Emília Nadal, Sousa Araújo e Paula Rego, entre outros.
O ciclo da Natividade foi um dos
principais temas representados pelos pintores portugueses ao longo dos séculos
como testemunho eloquente deste amor português à Natividade do Senhor e à Sua
Mãe. Neste livro não estão contempladas, dada a profusão de obras de excelente
qualidade, todas as pinturas, nem talvez as mais significativas do contexto
português. No entanto, a selecção que ousámos parece-nos ampla e intensa, dando
também a conhecer alguns dos autores, estilos e iconografias. O nosso desejo é
suscitar olhares contempladores da pintura religiosa como arte que diz o
indizível.
As imagens da Natividade possuem um
forte significado espiritual e teológico. Num famoso discurso, o Papa São Leão
Magno convida a alegrarmo-nos pelo nascimento do Senhor enquanto o Natal é «uma
alegria comum». É toda a humanidade, santa e pecadora, que aflora na
representação da Natividade na arte. Todos estamos representados neste
verdadeiro teatro do mundo, com a nossa história, as angústias e esforços.
Seguindo o método de oração
de Santa Teresa de Jesus, que sugeria no seu Caminho de Perfeição
fazer-se ajudar na oração por uma imagem do Senhor, representado na Sua
humanidade ou aquele de Santo Inácio de Loyola, que nos Exercícios
Espirituais recomendava fazer preceder cada meditação espiritual de uma
"composição do lugar", imaginando nos mínimos detalhes a cena
evangélica, possamos transformar a visão destas obras de pintura portuguesa em
ocasião de oração e de contemplação.
Tiago Alexandre Asseiceira
Moita
In O Mistério do Natal na pintura portuguesa, ed. Paulus, 2009
In O Mistério do Natal na pintura portuguesa, ed. Paulus, 2009
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