Não se sabe onde surgiram
os primeiros casos da gripe que dizimou cinco por cento da população mundial.
Facto é que se propagou nas trincheiras durante a Primeira Grande Guerra.
O nome de Gripe Espanhola
deve-se a ter sido neste país que surgiram as primeiras notícias sobre a
pandemia. Pela sua neutralidade no conflito, Espanha não censurava as notícias,
daí as publicações sobre a doença que outros países beligerantes escondiam por
motivos de segurança.
As pandemias têm
acompanhado a história da Humanidade. A mais próxima da COVID-19, em dimensão e
gravidade, foi a Pneumónica, com três vagas entre 1918 e 1919. Provocou um
número tão avassalador de mortos que ultrapassou o das vítimas estimadas para a
Primeira e Segunda Guerras Mundiais.
Em Portugal, o rasto da
experiência humana deixado por esta esta devastação e os conceitos científicos
e técnicos que a equipa liderada por Ricardo Jorge protocolaram, viriam a ser a
base do pensamento de saúde pública. Um mal que “quase instantaneamente se
derrama por uma cidade inteira e salta por cima de todas as barreiras”. Desta
forma se referiu ao vírus mortífero, em 1918, Ricardo Jorge, director-geral da
Saúde, que em Portugal liderou o combate à grande febre do século. E constatou
que “… não fica mal deixar de visitar enfermos (…) e também não fica mal acabar
com os cumprimentos de uso – apertos de mão e ósculos de cerimónia, gestos que
repugnam à higiene e até à cultura, restos que são do passado selvagem (…) e
logo coisas tão polutas como beiços e dedos”. Qualquer semelhança destas
sugestões com a realidade, em futuras epidemias respiratórias, não são
coincidência.
O distanciamento físico,
bem como os confinamentos ou as cercas sanitárias são medidas adoptadas até
hoje para combater a propagação de doenças. Para limitar o contágio promoveu-se
a lavagem das mãos e o uso de máscaras, a desinfeção de casas e de ruas. Foram
adotadas restrições à atividade económica e social: proibidas as feiras,
fechadas as escolas e canceladas as peregrinações. Mas o desastre estava em
marcha. As morgues encheram-se, os funerais realizavam-se à noite, para evitar
aglomerados, e nos cemitérios, por falta de espaço, abriram-se valas comuns. Da
mesma forma que 100 anos depois, com a Covid-19, os serviços de saúde não foram
suficientes para tamanha catástrofe. Além das Misericórdias, só havia em Portugal
dois hospitais públicos: em Lisboa e em Coimbra.
É à Cruz Vermelha que
cabe um papel essencial: médicos, enfermeiros e voluntários asseguram o
funcionamento de hospitais de campanha montados em escolas e conventos.
A Pneumónica foi a maior
pandemia do século XX. Estima-se que tenha provocado largas dezenas de milhões
de mortos. Portugal ultrapassou os 100 mil óbitos entre pouco mais de seis
milhões de habitantes. Atingiu particularmente jovens adultos que morreram de
pneumonia.
Só décadas mais tarde veio
a descobrir-se que foi causada pelo subtipo A da gripe, o vírus H1N1, que
voltaria em força já no século XXI. Não se sabe onde surgiram os primeiros
casos da gripe que dizimou cinco por cento da população mundial. Facto é que se
propagou nas trincheiras durante a Primeira Grande Guerra.
O nome de Gripe Espanhola
deve-se a ter sido neste país que surgiram as primeiras notícias sobre a
pandemia. Pela sua neutralidade no conflito, Espanha não censurava as notícias,
daí as publicações sobre a doença que outros países beligerantes escondiam por
motivos de segurança.
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