Museu do Aljube - Um espaço para não deixar esquecer a luta contra a ditadura
O Museu do Aljube – Resistência e Liberdade é um museu
municipal dedicado à memória do combate à ditadura que vigorou em Portugal
durante quase meio século e de homenagem à liberdade e à democracia.
O edifício do Aljube, palavra de origem árabe que significa poço sem água, cisterna, masmorra ou prisão, antes de ser Museu foi uma prisão. Primeiro cárcere eclesiástico, depois prisão de mulheres acusadas de delitos comuns até ao final da década de 1920 e prisão política durante o Estado Novo até ao seu encerramento em 1965.
No seu Centro de Documentação é possível consultar documentos não só sobre os meios de opressão e repressão vigentes neste período, mas também sobre os movimentos de resistência, de propaganda clandestina e das várias formas de expressão antifascista. Enquanto que no Museu é possível visitar a Exposição Permanente, mas também as várias Exposições Temporárias que são realizadas, para além de conversas, colóquios e debates.
Na Exposição Permanente, é dada a conhecer aos visitantes a
história do edifício do Aljube, a ascensão e queda dos fascismos, os pilares do
regime de Salazar, a censura e também a importância da imprensa clandestina, os
modos de organização da resistência antifascista e os processos de
identificação dos presos e os meios de tortura e interrogatórios.
Recordam-se também as celas disciplinares, conhecidas como
curros ou gavetas, celas de isolamento, construídas no início dos anos 40, que
não possibilitavam ao preso mexer-se e que visavam destruir a resistência dos
prisioneiros, antes de sessões de interrogatório e tortura. Com o encerramento
do Aljube em 1965, os curros foram destruídos, numa manobra de ocultação.
Entre 1969 e 1970, o Aljube teve obras, sob jurisdição do Ministério da Justiça. Foram remodelados os pisos, as celas e construídos novos parlatório e refeitório, de forma a melhorar e permitir a maior separação dos presos do Limoeiro, até que fosse construída uma nova cadeia.
Depois do 25 de Abril, o edifício do Aljube foi utilizado
por diversos serviços do Ministério da Justiça, até à sua entrega à Câmara
Municipal de Lisboa, no período em que António Costa era Presidente da Câmara e
que Alberto Costa (ele também ex-preso político no Aljube) era o titular da
pasta da Justiça, com o objectivo de vir a ser usado para albergar uma
exposição sobre a repressão durante a ditadura.
Integrada nas comemorações do centenário da República, entre
25 de Abril de 2010 e 25 de Abril de 2011, realizou-se no espaço do Aljube a
exposição “A Voz das Vítimas, visitada por mais de 14 mil pessoas e organizada
numa parceria do movimento Não Apaguem a Memória! com o Instituto de História
Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova
de Lisboa e do Arquivo e Biblioteca da Fundação Mário Soares.
Desconhece-se o número exacto de presos políticos que
passaram pelo Aljube durante a ditadura, mas ali foram encarcerados muitas
personalidades da política e cultura portuguesas, entre os quais Álvaro Cunhal,
Carlos Brito (que é um dos prisioneiros que fez parte de uma das fugas bem
sucedidas da prisão), Fernando Rosas, José Mário Branco, José Medeiros
Ferreira, Mário Soares, Miguel Torga, Nuno Teotónio Pereira, Urbano Tavares
Rodrigues, entre muitos outros. Muitos deles em obras que publicaram recordaram
a sua passagem pelo Aljube.
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