segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

4.000 operários navais portugueses em luta




MOVIMENTO OPERÁRIO

Há 34 anos cerca de 4.000 operários navais da Lisnave, Setenave, Sociedade Portuguesa de Reparações de Navios e Parry&Son bloquearam a entrada sul da ponte 25 de Abril para exigirem o pagamento de salários em atraso e alertar contra a fome que grassava no distrito de Setúbal.

Contrariamente a outros momentos de tensão vividos na ponte - como foi o caso da grande manifestação a 12 de Setembro de 1974 -, a resposta da classe dominante foi a repressão policial. Cerca de 30 operários feridos. Assistia-se, assim, à consolidação da nova relação de forças, onde o poder operário, conquistado com o 25 de Abril, se começava a ressentir profundamente.

A então deputada do PCP, Odete Santos, relatou assim o acontecimento: "Eram 11 horas da manhã e milhares de trabalhadores inundaram a auto-estrada, perto da Ponte 25 de Abril. Bandeiras negras enlutavam o sol. Contava-me entre os que, serenamente, aguardavam que a manifestação chegasse ao fim. Do respeito pelo protesto dos trabalhadores falava o silêncio das centenas e centenas de veículos imobilizados, só cortado pelo som das ambulâncias que passavam com a ajuda dos manifestantes. Os rostos falavam de situações trágicas: de mobílias vendidas ao desbarato para garantir o pão de cada dia; de crianças a definhar; de mais um livro que não se pode comprar para a escola; de um brinquedo que se não pode ter de um sorriso que se perde na angústia dos olhos. Era o protesto de quem sabe que Abril, longe e perto, está em mãos erradas".

[As fotos foram retiradas do Arquivo Fotográfico da Lusa ]

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