Primeiras ‘camas’ pré-históricas continham folhas insecticidas
Arqueólogos dão a conhecer como se vivia há 77 mil anos na África do Sul
Desde 1998 que os arqueólogos estudam a gruta Sibudu
Conhecido como abrigo de caçadores-recolectores que viveram há 77 mil anos, a Gruta Sibudu (África do Sul) deu a conhecer mais uma faceta dos seres humanos que a utilizaram. Num estudo publicado esta semana na «Science», revelam-se como eram os colchões mais antigos encontrados até agora.
Feitos de caules e folhas emaranhados, estes colchões pré-históricos contêm químicos que são conhecidos como insecticidas.
Naquela época, os grupos humanos eram caçadores-recolectores nómadas. Um dos seus campos temporários mais bem estudado é a Gruta Sibudu, um abrigo que se encontra num penhasco nas margens do rio Togati. As primeiras ocupações da gruta datam de há 77 mil anos. Nos seguintes 40 mil continuou a dar abrigo a grupos humanos.
Desde 1998 que uma equipa liderada por Lyn Wadley, arqueóloga da Universidade de Witwatersrand (Joanesburgo) realiza escavações em Sibudu, dando a conhecer comportamentos complexos, incluindo as primeiras utilizações de arcos e flechas.
Entre as plantas encontradas está a 'Cryptocarya woodii'
Nos últimos anos encontraram-se vestígios de plantas que terão servido como colchões. Na análise agora realizada, os investigadores descobriram estas só se encontram nas margens do rio, tendo sido, assim, transportadas propositadamente para a gruta. As análises mostraram também sinais de compressão.
Na camada mais antiga, a equipa descobriu folhas de Cryptocarya woodii, uma planta aromática cujas folhas são ainda hoje usadas na medicina tradicional, pois contêm compostos químicos que conseguem matar insectos. Os investigadores sugerem que aqueles seres humanos escolheram as folhas para se protegerem contra doenças transportadas por mosquitos.
O uso de ervas medicinais pode ter dado aos humanos uma vantagem selectiva, acreditam os autores do estudo. Há vestígios de que as folhas foram queimadas, possivelmente para eliminar pragas e poder fazer-se mais camadas de folhas. Em alguns dos colchões foram encontrados pequenos pedaços de pedras e ossos queimados. Possivelmente, estes colchões não eram só para dormir mas também para trabalhar a pedra e para comer.
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